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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O PRINCÍPIO BÍBLICO DA GENEROSIDADE.

O PRINCÍPIO BÍBLICO DA GENEROSIDADE.
Texto Bíblico: 2 Co 8.1-5; 9.6,7,10,11
1 TAMBÉM, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia;
2 porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.
3 Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente.
4 Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos.
5 E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao SENHOR, e depois a nós, pela vontade de Deus.
(2Cor 9.6,7,10,11) 6 E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará.
7 Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.
10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça;
11 Para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus.


IMAGEM: ENOMIR SANTOS (ANANINDEUA-PA)

A Lição nove, do 1º trimestre de 2010, tratará de temas já bastante discutidos em sala de aula, como é o caso do dízimo, das contribuições financeiras e do socorro ou ajuda aos necessitados.

Sempre que estas questões se levantam, dois grupos se colocam nos extremos da discussão.

O primeiro grupo não consideram o dízimo como um princípio bíblico fundamentado na liberalidade, anterior à própria Lei, e por isso uma prática que pode ser mantida na igreja, enquanto o segundo grupo ameaça com as maldições da Lei os irmãos que por alguma razão não contribuem com os dízimos.

O fato é que tanto um grupo como o outro se fundamentam na Bíblia para sustentar as suas posições.

PLANO DE AULA

1. OBJETIVOS DA LIÇÃO

-Conscientizarem-se de que o princípio da generosidade está fundamentado na idéia de doar e não de ter.
-Compreender que atender ao pobre em suas necessidades é um preceito bíblico.
-Saber que a graça de contribuir está fundamentada no princípio de que mais "bem-aventurada coisa é dar do que receber.

2. CONTEÚDO
Favor consultar estas postagens.
• COMUNHÃO DOS SANTOS E COMUNIDADE DOS BENS
• AJUDA AOS NECESSITADOS.
• POR QUAIS RAZÕES MALAQUIAS CAP 3 VERS. 10 NÃO DEVEM SER APLICADOS À IGREJA

3. MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE ENSINO
Três perguntas chaves podem desencadear uma boa aula discursiva. São elas:

- O dízimo é uma prática bíblica restrita ao Antigo Testamento?
- A igreja tem cumprido o seu papel no socorro aos necessitados como deveria?
- Você participa de campanhas de ofertas voluntárias para o socorro aos necessitados?

4. RECURSOS DIDÁTICOS NECESSÁRIOS:
Quadro, cartolina, pincel ou giz, etc.
5. SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS
ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada: como interpretar a Bíblia de maneira prática e eficaz. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 5. ed. São Paulo: Hagnos, 2001. v. 1
JOSEFO, Flávio. História dos hebreus: de Abraão à queda de Jerusalém obra completa. 9. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento. Belo Horizonte: Atos, 2004.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus intérpretes: uma breve história da interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
PFEIFFER; Charles F.; HARRISON, Everett F. Comentário Bíblico Moody: os evangelhos e atos. São Paulo: IBR, 1997. v. 4
______; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
SCHOLZ, Vilson. Princípios de interpretação Bíblica: introdução à hermenêutica com ênfase em gêneros literários. Canoas-RS: Ulbra, 2006.
STUART, Douglas; FEE, Gordon D. Manual de exegese bíblica: Antigo e novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008.
VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR, William. Dicionário Vine. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.
http://www.altairgermano.com/

POR QUAIS RAZÕES MALAQUIAS TRÊZ E DEZ NÃO DEVE SER APLICADO À IGREJA?

Por quais razões Malaquias cap. 3 vers. 10 não deve ser aplicado à Igreja?

O texto de Malaquias 3.10 deve servir de base para a prática do dízimo na igreja? Entendo que não. Segue abaixo, de forma bastante objetiva as devidas razões:

1. O livro do profeta Malaquias foi escrito especificamente para o povo de Israel. Sua mensagem profética tem a sua razão e o seu lugar próprio no tempo, e no espaço

"Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias." (Ml 1.1)

"Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor justas ofertas. Então, a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao SENHOR, como nos dias antigos e como nos primeiros anos." (Ml 3.3)

"Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos." (Ml 3.6)

Afirmar que as profecias e as orientações específicas de Malaquias se aplicam "literalmente" à Igreja, é uma atitude que implica na quebra de princípios básicos, sérios e confiáveis que norteiam uma interpretação gramático-histórica da Bíblia;

"[...] os princípios do sistema gramático-histórico de interpretação, que surgiram em antioquia pela primeira vez como princípios pensados e conscientes, representam o modelo de interpretação que mais bem corresponde aos pressupostos do Cristianismo histórico quanto à natureza das Escrituras" (Nicodemus, 2004, p. 256)

Bentho (2003, p. 69-71) diz que a função da hermenêutica e exegese bíblica, dentre outras, é compreender o sentido do texto dentro de seu ambiente histórico-cultural e léxico-sintático. Qualquer interpretação que tenta forçar o texto a dizer o que não diz, seja de forma voluntária ou involuntária, com base em pressupostos ou premissas previamente estabelecidos pelo intérprete, que ignora o contexto sob pretexto ideológico, que ignora a mensagem e o propósito principal do livro e que não analisa o texto à luz de outros, não deve ser confiável.

2. A mensagem de Malaquias está fundamentada na necessidade de se observar o cumprimento da Lei do Senhor, prescrita para o povo de Israel

"Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, a qual lhe prescrevi em Horebe para todo o Israel, a saber, Estatutos e juízos." (Ml 4.4)

Não vivemos sob a Lei de Moisés:
"Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo". (Gl 2.19)
"Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar seus preceitos por eles viverá" (Gl 3.12)
"Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão" (Gl 5.1)
3. Os que se utilizam de Ml 3.10, acabam por incorrer na alegorese, ou seja, no abuso de uma interpretação fundamentada na escola alegórica.

"Quem alegoriza fala ou escreve sobre alguma coisa por intermédio de outra, procurando desvendar sentidos simbólicos, espirituais ou ocultos. [...] De acordo com o método alegórico, o sentido literal e histórico das Escrituras é completamente desprezado, e cada palavra e acontecimento são transformados em alegoria de algum tipo, a fim de escapar de dificuldades teológicas ou para sustentar certas crenças estranhas e alheias ao texto bíblico. Assim, não interpreta o texto bíblico, mas perverte o verdadeiro sentido deles, embora sob o pretexto de buscar um sentido mais profundo ou mais espiritual" (Idem, 2003, p. 124)

O uso claro de alegorese em Ml 3.10, é afirmar que a "casa do tesouro" e a "minha casa", citadas no texto se aplicam aos templos cristãos. É equivocado também declarar, que as maldições ali citadas, virão também sobre os crentes. Vale lembrar as palavras de Paulo em Atos 17.24 "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas."

Muitos se utilizam do texto de Ml 3.7-11, tirando-o do seu contexto, para colocar a "faca no pescoço dos simples", amedrontando-os com maldições ou acusando-os de ladrões, no que diz respeito a prática do dízimo. Volto a declarar que a Bíblia não deve ser interpretada segundo as nossas conveniências.

Compreendo ainda pela Palavra, que na Igreja, o dízimo não deve ter a sua prática incentivada a partir de Malaquias, mas sim, a partir de Abraão (Gn 14.18-20) e Jacó (28.18-22) que contribuíram voluntariamente, livre de qualquer preceito legal, sem medo de qualquer punição ou castigo, sendo unicamente movidos por pura adoração em reconhecimento àquele que provê todas as coisas.
As bases motivadoras e punitivas que norteiam as contribuições financeiras na Igreja, estão prescritas em 2 Co 9.6-15
"E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça, enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus. Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus, visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos, enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós. Graças a Deus pelo seu dom inefável!"

Dizimar e contribuir com outras ofertas, não pode ser encarado por cristãos como um fardo ou jugo da lei. Deve sim, ser percebido como um privilégio e como um ato livre e amoroso que reconhece em Deus o sustentator, provedor e criador de todas as coisas.

Bibliografia

BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada: como interpretar a Bíblia de maneira prática e eficaz. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus intérpretes: uma breve história da interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
SCHOLZ, Vilson. Princípios de interpretação Bíblica: introdução à hermenêutica com ênfase em gêneros literários. Canoas-RS: Ulbra, 2006.
STUART, Douglas; FEE, Gordon D. Manual de exegese bíblica: Antigo e novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008.

http://www.bibliaonline.net. Acessado em 18/05/2008
http://www.altairgermano.com/

AJUDA AOS NECESSITADOS.

AJUDA AOS NECESSITADOS.

Sempre que o tema "Ajuda aos Necessitados" é abordado, observamos algumas reações e atentamos para alguns fatos no meio evangélico brasileiro. Observemos alguns deles:

1. Um Grande número de alunos, professores, dirigentes e superintendentes de ED questionam as poucas ações concretas nesta área (chamada de "social");

2. Líderes de igrejas, aproveitando o tema da lição bíblica, resolvem fazer campanhas de doações e socorro aos necessitados, mas logo após o estudo da lição abandonam a prática;

3. Se percebe que muitas igrejas nunca vão além da simples distribuição aleatória de cestas básicas, sem nenhum levantamento das reais necessidades dos beneficiários;

4. Uma ênfase num certo socialismo ou comunismo cristão, fruto de uma interpretação equivocada do tema "Comunidade dos Bens". Interessante, é que os que defendem teoricamente esta idéia não a colocam em prática, partilhando todos os seus bens com os necessitados;

5. Irmãos, individualmente ou em "grupos", diante do descaso da "instituição" ou da "comunidade cristã" com a ajuda aos necessitados, acabam se achando no direito de administrarem os próprios dízimos e ofertas, não levando em consideração as recomendações (determinações) da liderança;

6. Igrejas se mobilizam para prestar socorro às vítimas de grandes catástrofes naturais em outras regiões, mas no seu dia a dia se esquecem de socorrer os seus necessitados (domésticos na fé), e os que vivem em situação de miséria na localidade onde está estabelecida;

7. Para dizer que socorrem os necessitados, algumas igrejas afirmam manterem hospitais, escolas, creches, orfanatos e abrigos de idosos funcionando. Acontece que em alguns casos, as condições de atendimento e assistência são muito precárias. As pessoas lá atendidas sofrem de um grande descaso, desumanização e maltratos;

8. É afirmado ainda por alguns, que a igreja faz o trabalho social muito bem, mas sofre por não divulgá-lo. Entendo que pelo menos os membros deveriam tomar conhecimento das ações em favor dos necessitados;

9. A calamidade dos necessitados se acentuam diante da ostentação e da vida regalada de algumas lideranças, através da aquisição e exibição dos símbolos capitalistas de "poder" e "status ministerial". Na versão e lógica "espirituosa" deste capitalismo selvagem (Teologia da Prosperidade), quanto mais o pastor ou líder ficar rico (ou pelo menos parecer), mas demonstrará o quanto o seu ministério é abençoado por Deus. Obviamente esta lógica acaba trazendo problemas para alguns líderes de igrejas na atualidade. Por exemplo, podemos citar a necessidade de um pastor precisar de "seguranças". Tal necessidade é resultado direto da ostentação já citada. Citamos ainda o receio que alguns possuem de terem seus filhos ou parentes sequestrados. Não consigo imaginar Jesus, Pedro, Paulo, João, Tomás de Aquino, Agostinho, Lutero, Calvino e outros ícones da fé precisando de seguranças particulares. Alguma (ou muita) coisa está errada. Viver dignamente do evangelho foi trocado por viver explendorosamente do evangelho;

10. É interessante também afirmar, que diante do exposto no ponto acima, dentro de um mesmo ministério, há líderes que abusam das regalias enquanto outros passam extrema necessidade. A idéia, volto a deixar claro, não é de um socialismo ou comunismo ministerial cristão, falo sim (pois há uma série de fatores aqui envolvidos) da necessidade de diminuir a distância "econômica", promovendo um viver digno para todos.

Não vou me deter em fundamentar biblicamente a necessidade de ajuda aos necessitados, visto que a Lição Bíblica já o faz de forma ampla e precisa.

A idéia deste subsídio, é a de promover uma análise da nossa condição pessoal e institucional em relação ao tema em questão, promovendo discussão e ação.

Obviamente, há um bom número de igrejas que fazem um trabalho relevante e exemplar de ajuda aos necessitados. Deixo um espaço neste blog para divulgação de tais obras.

Não vai adiantar muita coisa (ou nada) estudarmos mais uma vez este tema, sem refletir sobre a nossa condição (cada um deve assumir a sua responsabilidade), sem discussão, sem propostas de mudanças, sem planos e ações concretas.

Saber sobre e perceber como as coisas estão não é o suficiente. Necessário se faz mobilizar-se para que o nosso discurso religioso e piedoso (eloqüência verbal) se torne carne e habite entre nós.
Bibliografia:
http://www.altairgermano.com/

COMUNHÃO DOS SANTOS E COMUNIDADE DOS BENS

COMUNHÃO DOS SANTOS E COMUNIDADE DOS BENS -

O tema da lição bíblica desta semana nos fala sobre a comunhão dos santos e a comunidade dos bens. Temos aqui uma boa oportunidade para esclarecermos algumas interpretações equivocadas sobre o assunto, banindo de vez a idéia de que a Bíblia apóia o comunismo.

1. O QUE É A COMUNHÃO DOS SANTOS

O termo grego para “comunhão” é koinõnia, que significa “tendo em comum, sociedade, companheirismo”. Dentre outras coisas, denota a parte que alguém tem em algo. “É, assim, usado acerca: das experiências e interesses comuns dos cristãos (At 2.42; Gl 2.9)” (VINE, 2003 p. 485).

Arrington (2003, p. 639) afirma que “A palavra ‘comunhão’ (koinonia) expressa a unidade da igreja primitiva. Nenhuma palavra em nosso idioma traduz seu significado completamente. Comunhão envolve mais que um espírito comunal que os crentes compartilham uns com os outros. É uma participação comum em nível mais profundo na comunhão espiritual que está ‘em Cristo’.” Desta forma, comunhão dos santos é mais do que a simples partilha de bens materiais, é o desfrutar comum das bênçãos espirituais e da participação no corpo de Cristo pelo Espírito.

O termo “santos”, do grego hágios, é geralmente utilizado no plural para identificar todos os que professam a fé em Cristo (Rm 1.7; 1 Co 1.2; Ef 1.1 ss).

A expressão “comunhão dos santos”, do latim communio sanctorum, não aparece na Bíblia, embora idéia esteja presente. O termo foi utilizado pela primeira vez por Nicéias (ou Nicetas) de Remesiana, por volta de 400 d.C.

Conforme o Dicionário Bíblico de Wycliffe (2006, p. 439), os ensinos sobre esta verdade se apresentam da seguinte forma:

- O surgimento da comunhão dos santos: A comunhão dos santos surge com o novo nascimento (Jo 3.1-12), sendo desta forma, limitada àqueles que estão em Cristo Jesus (2 Co 5.7). Por ter um Pai espiritual comum, possuem uma irmandade espiritual comum (Hb 2.11-13)

- A essência da comunhão dos santos: A comunhão representa a unidade espiritual que liga os crentes a Jesus e uns com os outros (Jo 15.1-10; 17.21-23; Ef 4.3-16). Embora transcenda os laços naturais (Gl 3.28; Cl 3.11), não elimina as diferenças comuns às pessoas (1 Co 7.20-24; Ef 6.5-9).

- Os resultados da comunhão dos santos: O compartilhamento mútuo das bênçãos materiais (Rm 12.13; 15.26, 27; 2 Co 8.4; 9.9-14; Fl 4.14-16) é um das manifestações visíveis desta comunhão. Em um nível mais elevado, como já colocamos, a participação nos dons espirituais (MT 25.15; 1 Co 12.1-31) dentro da comunidade cristã, é outra forma de manifestação da comunhão dos santos.

2. A COMUNIDADE DOS BENS

Existem evidências históricas de que a “comunidade dos bens”, entendida como a participação comum de um grupo em todos os bens dos membros deste grupo, foi idealizada por Pitágoras (Kenner, 2004, p. 345) como um modelo utópico e ideal de convivência. Williams (1996, p. 78) e Champlin (2001, p. 824) fazem referência citação de Filo louvando os essênios por esta prática. Josefo (2005, p. 827) relata sobre os essênios: “Possuem todos os bens em comum, sem que os ricos tenham maior parte que os pobres”. E ainda, “Assim, eles se servem uns dos outros e escolhem homens de bem da ordem dos sacerdotes, que recebem tudo o que eles recolhem de seu trabalho e têm o cuidado de fornecer alimento a todos” (idem).

O Novo Testamento registra em várias passagens esta prática (Jo 12.6; Lc 8.3; At 4.36, 57 e 5.1), estando o principal episódio registrado em Atos 2.42-47. Para Champlin (idem) “A a partilha informal, naturalmente alicerçada sobre o amor de um crente por outro, é o padrão das virtudes cristãs, mas isso não precisa transformar-se em uma partilha formal e obrigatória de bens”.

3. IGREJA E COMUNISMO

Alguns defendem a idéia de que Atos 2.42-47 é uma proposta bíblica para o comunismo. “Porém, não há qualquer dogma, no Novo Testamento, no sentido de que a experiência deveria ser universal, compulsória e permanente”. (ibdem, p. 826). Observemos a posição de outros estudiosos das Escrituras:

“O fato de mais tarde Barnabé ser destacado por vender uma propriedade indica que esta prática não é algo que todos os crentes fazem (At 4.36,37). Os novos crentes estão dispostos a compartilhar suas possessões quando surgem necessidades (v. 45). O termo comunismo não descreve esta prática. Antes, eles estão expressando amor espontâneo, e é completamente voluntário”. (ARRINGTON, 2003, p. 640)

“O amor cristão manifestou-se num programa social de assistência material aos pobres. Essa atitude cristã de partilhar com os outros parece que se limitou aos primeiros anos da igreja de Jerusalém e não se estendeu às novas igrejas conforme o Evangelho foi sendo levado através da Judéia.” (PFEIFFER; HARRISON, 1987, p. 245)

“Um dos resultados foi a prontidão dos crentes em partilhar seus bens uns com os outros. Isto se tornou prática comum entre os crentes. O verbo está no imperfeito e podia ser traduzido assim: ‘continuavam a usar todas as coisas em comum’. Para esses cristãos a espiritualidade era inseparável da responsabilidade social (Dt 15.4s; At 6.1-6; 11.28; 20.33-55; 24.17 ss). Parece que o comunitarismo teria sido uma solução provisória neste caso, e necessário naquela circunstância”. (WILLIAMS, 1996, p. 77)

“É verdade que Jesus ordenou a um jovem governante rico que vendesse os seus bens e desse o dinheiro aos pobres (Lc 18.18-30), mas a razão para a ordem era testar a fé, e não forçar um nivelamento social e econômico. [...] Jesus disse: ‘Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre’ (Mt 26.11). (PFEIFFER; VOS; REA, 2006, p. 440)

“Que conclusões podem ser tiradas, então, com respeito à abordagem bíblica ao comunismo? Em primeiro lugar, A Bíblia certamente não apóia o Comunismo Marxista com sua filosofia anti-Deus e seu conceito de guerra de classes. Várias passagens (por exemplo Ef 6.5-9; Cl 3.22; 4.1) admoestam os trabalhadores a ter boas relações com os seus patrões e vice-e-versa. Segundo, a posse pública da propriedade entre os crentes parece ter sido restrita a Jerusalém. (idem)

Para concluir, entendo que tanto o Capitalismo Selvagem, quanto o Comunismo Utópico, são sistemas sócio-político-econômicos desprovidos dos princípios bíblicos de amor, comunhão, voluntariedade e generosidade.

Como bem colocam Pfeiffer, Vos e Rea (idem, p. 441) “Se os crentes hoje desejarem viver em um acordo onde os cristãos tenham a posse pública dos bens, eles devem se sentir livres para assim proceder; mas a Escritura não os obriga a viver desta maneira, e eles não devem julgar os outros crentes que preferem usufruir a posse privada da propriedade. Todos devem lembrar de que são meramente mordomos de tudo o que Deus lhes tem dado, e que são exortados a exercitar a mordomia fiel das posses que lhe foram confiadas.”

BIBLIOGRAFIA

ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 5. ed. São Paulo: Hagnos, 2001. v. 1
JOSEFO, Flávio. História dos hebreus: de Abraão à queda de Jerusalém obra completa. 9. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
PFEIFFER; Charles F.; HARRISON, Everett F. Comentário Bíblico Moody: os evangelhos e atos. São Paulo: IBR, 1997. v. 4
______; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento. Belo Horizonte: Atos, 2004.
VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR, William. Dicionário Vine. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.
http://www.altairgermano.com/

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

EXORTAÇÃO À SANTIFICAÇÃO

EXORTAÇÃO À SANTIFICAÇÃO

Leitura Bíblica em Classe: II Co. 6.14-18; 7.1,8-10.

14 Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
15 E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
16 E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
17 Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;
18 E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.

II Co. 7.1,8-10.
1 ORA, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.
8 Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo.
9 Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma.
10 Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.



Objetivo: Mostrar que através de uma vida de santificação o crente separa-se das paixões mundanas, dedicando-se sacrificialmente ao serviço do nosso Senhor Jesus Cristo.

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje meditaremos a respeito da importância da santificação para a vida do crente. De acordo com o autor da Epístola ao Hebreus, é preciso buscar a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb. 12.14). Nessa mesma perspectiva, veremos, na lição, que Paulo admoesta os crentes de Corinto para que vivam em santificação. Em seguida, o Apóstolo se alegra pelas boas notícias que recebe dos crentes daquela cidade. A razão dessa alegria, conforme estudaremos ao final, é a restauração do seu relacionamento com os crentes coríntios.

1. APELO À SANTIFICAÇÃO
Paulo apela aos crentes para que vivam em santidade, e a base desse proceder é o temor ao Senhor (II Co. 7.1). Não podemos esquecer que o Senhor, o Nosso Deus, é santo e demanda, dos crentes, santificação (Lv. 11.44; 22.32). Em seguida, adverte os irmãos para que o acolham em seus corações. O Apóstolo acreditava que havia ainda alguma reticência dos coríntios em relação a ele. Em seguida justifica: a ninguém tratamos com injustiça, a ninguém corrompemos e a ninguém exploramos (II Co. 7.2). Essa mensagem serve de instrução para muitos obreiros que se aproveitam dos membros da igreja para explorá-los em benefício próprio. Nessa passagem Paulo aborda, explicitamente, a questão do dinheiro. O obreiro do Senhor não pode ser amante do dinheiro. Essa instrução está clara em II Tm. 6.3-10 e, por não atentar para ela, muitos se desviaram da verdade e trouxeram dores para si. O interesse maior de Paulo não é o dinheiro, mas o desenvolvimento espiritual dos crentes, que já estavam no coração dele, por eles o Apóstolo tanto estaria disposto a viver ou a morrer (II Co. 7.3). Com essa expressão “morrer e viver”, Paulo está revelando sua disposição de entregar a própria vida para o bem do rebanho, haja vista sua certeza da glória eterna (Rm. 8.18; II Co. 4.17). Apesar dos momentos de tribulação, principalmente das incompreensões dos coríntios, Paulo reage com alegria ao saber que os irmãos daquela cidade finalmente haviam compreendido seus propósitos (II Co. 7.4).

2. NOTÍCIAS AGRADÁVEIS DE CORINTO
A tristeza de Paulo, por causa da oposição dos crentes coríntios, começa a se dissipar. A causa dessa mudança é a carta escrita pelo Apóstolo (II Co. 7.8-13). As portas se abriram para ele. Tito, além de ter sido usado por Deus nessa empreitada, também lhe traz boas notícias. Os crentes passaram a compreendendo as motivações reais de Paulo. Ele lembra das tribulações pelas quais passou, algumas delas de dentro e outras de fora (II Co. 7.5). Isso aconteceu nos momentos que antecedaram a vinda de Tito. Instantes de muitas expectativas, em que Paulo estava na Macedônia, aguardando-o. Ele não se desesperou, pois conhecia ao Senhor, que conforta aos abatidos, e que lhe provia a graça necessária para que ele suportasse as aflições (II Co. 12.7-10). A concretização desse consolo se deu, de modo mais evidente, quando Tito chegou, para lhe trazer alívio (II Co. 7.13-16). Os crentes de Corinto haviam sido contristados por causa da carta severa de Paulo. Ele mesmo diz que não se arrepende de tê-la escrito, pois ainda que fosse uma carta “dolorosa”, possibilitou que os crentes se voltassem para Deus (II Co. 7.8,9). A tristeza segundo Deus não conduz o crente à perdição, antes ao arrependimento, e a salvação, como aconteceram com Davi (II Sm. 12.13; Sl. 51), Pedro (Mc. 1472) e o próprio Paulo (At. 9.1-22). Essa tristeza propicia o temor ao Senhor, pois faz com que o pecador veja a sua condição com vergonha e busca a imediata restauração. A palavra de Deus pode ser um remédio amargo, mas é necessário para que o crente ter a saúde espiritual restabelecida (II Co. 7.11).

3. CONSOLO E RESTAURAÇÃO
Paulo diz que não escreveu a epístola “severa” para afrontar o ofensor que estava semeando contenda a seu respeito. Com essa declaração o Apóstolo destaca que seu motivo maior não era a vingança. Apelar para que seu ofensor fosse disciplinado não era um interesse pessoal. Sua meta principal era favorecer o arrependimento, tanto do ofensor quanto da igreja de Corinto (II Co. 4.12,13). O cristão amoroso não se alegra com a queda de um irmão, sua atitude primária é buscar a restauração, ainda que ele seja a parte vitimada. Paulo tomou as medidas cabíveis para que Tito fosse até Corinto, para atuar no processo de restauração. Os crentes daquela cidade não decepcionaram o apóstolo perante Tito (II Co. 7.14). Na verdade, responderam com presteza, recebendo Tito como autoridade representativa de Paulo (II Co. 7.15). Nos dias atuais, deparamo-nos, como já nos dias de Paulo, de uma acirrada crise de autoridade. Há membros das igrejas que são bastante críticos em relação aos seus líderes. Em alguns casos, principalmente onde há excessos, tais atitudes são compreensíveis. Mas não quando esse é um obreiro dedicado ao serviço do Senhor. Quando um obreiro do Senhor, que se pauta pela Palavra de Deus, for alvo de críticas injustas, a igreja deve assumir as dores do seu pastor, e defendê-lo diante dos ofensores. A alegria de Paulo estava no consolo provido pelos irmãos de Corinto, ele sabia que podia confiar neles (II Co. 7.16).

CONCLUSÃO
A santificação deva ser o alvo primordial da vida de todo crente que serve ao Senhor. Essa mensagem, porém, é bastante impopular. Por esse motivo, os pregadores que querem mercadejar o evangelho, evitam tais temas em seus sermões. O obreiro comprometido com as verdades exaradas na Palavra de Deus não pode fazer concessões, ainda que seja mal-compreendido. Quando o pastor estiver sofrendo ameaças por defender o evangelho genuíno de Cristo, a igreja deve posicionar-se, a fim de protegê-lo das ofensas e consolá-lo para que não fique entristecido.

BIBLIOGRAFIA

KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, S. I e II Coríntios. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Pb. José Roberto A. Barbosa
http://www.subsidioebd.blogspot.com/

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

PAULO, UM MODELO DE LÍDER-SERVIDOR

PAULO, UM MODELO DE LÍDER-SERVIDOR

Texto: II Co. 6.1-10.

1 E NÓS, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão
2 (Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável E socorri-te no dia da salvação; Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação).
3 Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado;
4 Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias,
5 Nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns,
6 Na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido,
7 Na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda,
8 Por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros;
9 Como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos;
10 Como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.

INTRODUÇÃO
Alguns líderes precisam aprender a lição de Jesus quando lavou os pés dos seus discípulos (Jo. 13.5-14). Paulo também nos dá o exemplo de líder-servidor, que se dispõe ao sacrifício pelos irmãos da igreja e não se assenhora sobre eles. Na aula de hoje aprenderemos a respeito do exercício da liderança para servir. No início da aula reforçaremos a importância do exercício da reconciliação dentro da igreja. Em seguida, atentaremos para o perfil do líder-servidor. Por fim, destacaremos algumas instruções de Paulo aos crentes de Corinto, necessárias à igreja atual.

1. AINDA SOBRE A RECONCILIAÇÃO
Por causa da reconciliação efetuada por intermédio do sacrifício vicário de Cristo, os obreiros são, agora, cooperadores com Ele (II Co. 5.20), podem exortar os cristãos para que não recebam a graça de Deus em vão. Os leitores coríntios de Paulo, bem como a igreja do Senhor hoje, não podem se afastar da mensagem da graça divina, abraçando falsos ensinamentos, doutrinas contrárias à salvação bíblica (Ef. 2,8-10; II Co. 6.1; Gl. 2.21). A mensagem da salvação divina é oportuna, e sobrepõe-se a todo e qualquer pensamento humano (II Co. 6.2; Hb. 3.12-15). O apóstolo, conforme já defendera anteriormente, tem a consciência tranqüila perante Deus e os homens, pois não deu motivo de escândalo aos crentes de Corinto. Portou-se com paciência, mesmo em meio às aflições, privações, angústias, açoites, prisões e tumultos (II Co. 6.3,4). Paulo ressalta sua sinceridade, longanimidade e bondade no Espírito (II Co. 6.5), destacando o caráter sofredor do ministro de Deus (Mt. 10.24; At. 20.19).

2. AS ADVERSIDADES DO LÍDER-SERVO
Uma das marcas do ministério de Paulo é a sinceridade, demonstrada em longanimidade e bondade, no Espírito Santo. Ele não fazia uso de máscaras, pois seu amor não era fingido, estava fundamentado na palavra da verdade e no poder de Deus (I Co. 2.5; II Co. 6.6,7). As armas de Paulo, isto é, seus argumentos, não eram humanos, não estavam alicerçados em sofismas (II Co. 10.3-5), pois o Apóstolo levava cativo todo pensamento a Cristo (II Co. 10.5). O evangelho de Cristo é loucura para aqueles que se baseiam nos argumentos racionais, e não na obediência por meio da fé (At. 19.8,9). A armadura de Deus, e não os artifício mundanos, deva ser a indumentária do cristão, que serve tanto para o ataque quanto para a defesa (Ef. 6.10-20). Com tais armas, o cristão, diante dos acusadores, pode agir com firmeza, e dar bom testemunho de sua sinceridade na fé em Cristo. Mesmo diante das adversidades, o servo de Deus não se abate, pois é capaz de alegrar-se, mesmo em meio a tristeza, de ser enriquecido, mesmo na pobreza (II Co. 6.8,10). Diante das ameaças de morte, Paulo continuava vivo, e mais, trabalhava incessantemente para não dar lugar aos falatórios torpes, não tirava vantagem financeira dos irmãos de coríntios, não demonstrava interesse em enriquecimento material, pois já fora enriquecido em Cristo (Ef. 1.3). Ele alegrava-se tanto nas tristezas quanto nos sofrimentos, pois, apesar de tudo, e em todas as coisas, era mais que vencedor (Rm. 8.37). Como líder-servidor, Paulo agia com amor, e não tinha vergonha de verbalizar esse amor pelos coríntios (II Co. 6.11). Mais do que dizer, o Apóstolo também demonstrava esse amor, expressando sua disposição de perdoar (II Co. 6.12) e orienta os coríntios para que façam o mesmo em amor (II Co. 6.13). O líder que está disposto a servir não guarda mágua dos seus liderando, tem plena disposição para perdoar, submete-se em amor. O líder que se fundamenta apenas na autoridade não pode demonstrar amor. Quando o poder se sobrepõe à liderança, não há oportunidade para a manifestação do amor.

3. EXORTAÇÕES DE UM LÍDER-SERVIDOR
O coração de Paulo está aberto para viver em plena reconciliação com os crentes coríntios. O Apóstolo dos Gentios não impõe limites para receber o perdão dos crentes, mas esses, como alguns crentes das igrejas atuais, preferem construir muros ao invés de pontes (II Co. 6.11,12). Ele apela para que os crentes, denominados de filhos em II Co. 6.13, para que abram seus corações, deixem de ficar carrancudos, entreguem-se ao afeto já experimentado pelo Apóstolo. Em seguida, passa a dar algumas instruções para a santificação da igreja, dentre elas destacamos: que não se ponham em jugo desigual com os incrédulos (II Co. 6.14-16), seja através de casamentos mistos (I Co. 7.39) ou de práticas religiosas pagãs (I Co. 10.14-22). Os crentes devem lembrar que são santuários do Deus Vivo, portanto, devem glorificar a Deus no corpo (I Co. 6.19,20; II Co. 6.16) que é a habitação de Deus (II Co. 7.17,18). A igreja, como templo do Deus vivo, deva manifestar a Sua presença (Ef. 2.22). Essa revelação motiva os crentes a viverem como filhos de Deus, em obediência. Para tanto, a separação é condição necessária, a fim de que não haja contaminação com as coisas impuras. A igreja de Cristo está no mundo, mas não é do mundo. No dia-a-dia, o crente pode, e deve, conviver com as pessoas descrentes, mas não pode ter participação em suas práticas pecaminosas (Jo. 17.14-17).

CONCLUSÃO
Nas próximas lições estudaremos um pouco mais sobre a santificação do crente. Esse tópico final é apenas uma preparação para o que vem em seguida. Adiantamos que, para viver em santificação, é preciso investir no relacionamento com Deus. O hino 77 da Harpa Cristo nos lembra dessa verdade: “Queres, neste mundo, ser um vencedor? Queres tu cantar nas lutas e na dor? Queres ser alegre, qual bom lutador? Guarda o contato com teu Salvador!”

BIBLIOGRAFIA

KRUSE, C. II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, S. I e II Coríntios. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Pb. José Roberto A. Barbosa
http://www.subsidioebd.blogspot.com/

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO

O Ministério da Reconciliação
O Ministério de Reconciliação
1 – INTRODUÇÃO
Texto: II Cor 5:14,15; 17-21
14 Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.
15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
18 E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;
19 Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.
21 Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.
Já estudamos em 2 Coríntios 1-4, o exemplo que Paulo nos dá como ministro eficaz do Evangelho que é a Nova Aliança. As palavras que ele oferece aos coríntios continuam ministrando-nos consolação, luz e glória. Agora, nos capítulos 5-7, contemplaremos mais um aspecto do ministério - o nosso ministério de reconciliação.
Em termos teológicos, 2 Coríntios 5.17-21 é um dos trechos mais significativos das epístolas paulinas. Paulo toca nos temas de regeneração, redenção, perdão, evangelismo e justificação. E percorrendo toda a passagem, a grande verdade da reconciliação baseada na expiação de Cristo.
Quando duas pessoas inimigas (que foram separadas por alguma disputa violenta) fazem as pazes e tornam-se novamente amigas, acontece o que chamamos de reconciliação. Veja como isso se dá no caso de Deus e dos seres humanos. O homem, criado por Deus e habitando um mundo criado por Ele, rebelou-se contra o seu Criador. Tornou-se, assim, escravo de Satanás e do pecado, tendo agora uma natureza pecaminosa e rebelde que o destrói e o impede de submeter-se ao governo de Deus. Ele é, efetivamente, um inimigo de Deus.
Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. Sendo assim, iniciou as negociações visando à paz definitiva. A justiça exige o castigo pelos pecados. A reconciliação só se tornaria possível se os pecadores abandonassem a sua rebelião. Por isso, Deus mandou seu Filho, o Príncipe da Paz, para pagar a “multa” (receber o castigo) do nosso pecado e possibilitou a reconciliação do mundo com o seu Criador. Agora, Deus nos nomeia embaixadores de Cristo; persuadimos as pessoas a aceitarem os termos propostos por Deus e ficarem em paz com Ele. Nisso consiste o importante ministério da reconciliação.
II - A DOUTRINA DA RECONCILIAÇÃO (5.1-10)
Já vimos como Jesus Cristo, o “Segundo Adão”, veio restaurar para a humanidade tudo aquilo que o primeiro Adão perdeu. Uma parte essencial dessa perda foi a paz com Deus, ou seja, a comunhão com Ele. A podridão e morte física iniciaram seus processos na terra e nas vidas humanas, quando o homem se rebelou contra Deus, a fonte de toda a vida e perfeição. Mas um dos benefícios da restauração da comunhão com Deus é a vitória final sobre a morte.
A reconciliação com Deus subentende a nossa aceitação do plano dEle para as nossas vidas, o qual remonta à criação do mundo. Pode incluir trabalho e sofrimento agora (como vimos no capítulo 4), mas vemos ali adiante um eterno galardão de glória, delineado em 1 Coríntios 15.35-58.
Em 2 Coríntios 5.1-10, vemos que o nosso espírito vive em uma morada, que é o nosso corpo. Vemos nesses versículos que, após a morte, o espírito do indivíduo reconciliado receberá uma morada diferente. Qual a diferença entre as moradas terrestre e celestial? Em primeiro lugar, notamos que Paulo chama o nosso corpo físico de “tabernáculo” (”tenda”), como também Pedro (2 Pe 1.13). Nosso corpo celestial, por outro lado, é chamado “edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus”. Seu espírito viverá na sua nova morada, bem como agora habita no seu corpo físico. Da mesma forma, uma casa sólida, feita de tijolos ou pedras, é superior a uma tenda de lona, também nosso corpo espiritual (nossa morada celestial) será muito superior ao nosso corpo atual! (releia a seção “Um corpo perfeito” no capítulo 10).
Veja bem as palavras de Paulo em 5.3,4: “… Estando vestidos, não formos achados nus… não porque queremos ser despidos…” O espírito humano precisa de um corpo para desenvolver alguma interação com o seu ambiente e realizar as suas funções. Deus fez o corpo de Adão antes de soprar-lhe o fôlego (espírito) da vida (Gn 2.7). Ao morrermos, o nosso espírito e alma irão imediatamente à presença do Senhor (5.8). Mas o Senhor tem trabalho para nós ao se estabelecer o seu Reino na terra. Teremos que funcionar simultaneamente no mundo espiritual, habitado por Deus e seus anjos, e aqui na terra. Por isso, quando Jesus voltar para levar a sua igreja, os mortos em Cristo e aqueles que ainda estiverem vivos receberão corpos glorificados (1 Ts 4.13-18). O espírito, antes “vestido” nessa tenda terrestre, vestirá sua “morada celestial”. E uma das bênçãos que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 2.9).
Em 2 Coríntios 5.5 temos um bom resumo: Deus nos criou para “habitarmos com o Senhor”. Jesus prometeu preparar um lugar para nós. Ele diz: “Virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14.3). Mas os seres humanos, finitos e decaídos, habitam um corpo que é mortal e perecível; por isso, não podem morar na presença de um Cristo imaculado, infinito e glorificado. O homem precisa ser transformado. Essa mudança se inicia na hora da sua conversão, pois ele nasce de novo em termos espirituais e morais. Quando se der o arrebatamento da Igreja, ele recebera seu corpo celestial. A reconciliação já preparou seu espírito e a glorificação preparou seu corpo, “e então estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17).
O fato de que o Espírito Santo habita agora em nós, crentes, é uma garantia de que o nosso espírito habitará finalmente um novo corpo nossa morada celestial (2 Co 5.5). Por enquanto, “andamos por fé e não por vista” (5.7).
Primeiramente, porém, teremos que comparecer “ante o tribunal de Cristo” (2 Co 5.10), onde nossas obras serão julgadas (e não as nossas almas). Receberemos um galardão conforme essas obras. Faça uma rápida revisão desse assunto na lição 3 e releia 1 Coríntios 3.11-15.
1. A motivação dos reconciliados
Efésios 2.8-10 constitui um texto-chave das epístolas paulinas. Somos salvos pela graça mediante a fé e não pelas obras (8,9). O versículo 10, porém, acrescenta que somos “criados em Cristo Jesus para as boas obras”. Em outras palavras, não somos salvos por nossas obras, mas praticamos boas obras porque somos salvos.
Durante quase vinte séculos da Era Cristã, pouquíssimas pessoas têm trabalhado tanto e sacrificado tantas coisas por amor a Deus e ao seu Reino como o apóstolo Paulo. Que força o teria motivado? Medo? Ambição? Fama? Desejo de poder? As primeiras palavras de 2 Coríntios 5.14 nos dão a resposta: “Pois o amor de Cristo nos constrange”.
A idéia central dos versículos 11-13 é a preocupação e amor que Paulo sente pelos crentes em Corinto. Os falsos apóstolos (2 Co 11.13) questionavam os motivos de Paulo e seu ministério em Corinto. Por isso, ele lembra aos coríntios seus bondosos esforços em beneficio deles, abrindo-lhes o coração (6.3-10), descrevendo-lhes os sofrimentos, açoites, labores, fome e noites passadas em claro por amor aos coríntios. Paulo padeceu muito para compartilhar as Boas Novas de Cristo com os não-evangelizados. O amor de Cristo o constrangia.
A maioria jamais experimentará o que Paulo passou e nem atingirá o seu amor total, seu zelo consumidor e seu intenso sofrimento por Cristo e pelo Evangelho. Mas é possível que uns poucos se aflijam, ou tenham sido atormentados ainda mais que ele. Seja como for, uma vez que Cristo morreu por todos: “Os que vivem não vivem mais para si mesmo, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (5.15). Na salvação morremos com Cristo e ressuscitamos com Ele (Rm 6.5). Agora vivemos por Ele, e devemos viver também para Ele.
A reconciliação com Deus traz amor às nossas vidas. Em determinada altura, antes da sua conversão, Paulo contemplava Jesus Cristo de uma perspectiva mundana, sem reconhecer a sua divindade e o propósito da sua vida e morte.
Mas após se encontrar com o Cristo glorificado no caminho de Damasco, houve uma radical transformação na vida dele! De repente, Paulo viu Cristo por outro prisma e logo se entregou a Ele como Senhor da sua vida. O antigo inimigo de Cristo tornou-se o mais entusiasta embaixador dEle; o antigo perseguidor da Igreja converteu-se no seu principal propagador. Uma vez foi motivado por seu ódio à igreja e seu zelo à Lei, mas agora Paulo estava disposto a morrer pela igreja por causa do seu grande amor por ela, e pregava por toda a parte a liberdade em Cristo.
À semelhança de Paulo, também podemos afirmar: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (5.17). Não mais contemplamos Jesus por um prisma mundano. Nascidos de novo, ganhamos não somente o perdão dos nossos pecados, mas uma nova motivação para nossa vida, no encontro com Ele. O amor de Cristo nos constrange: por isso não podemos, nem devemos mais viver só para nós mesmos. Deus chama “Ouro, prata, pedras preciosas” ao cristão que se dedica ao bem-estar de outros, em vez dos interesses egoístas. São essas as obras que sobreviverão à prova de fogo (1 Co 3.12-15).
2. A base da reconciliação
Quando duas nações, famílias ou pessoas tornam-se inimigas, geralmente brigam de qualquer forma. A inimizade só cessa quando se lavra algum tratado de paz, aceito por ambas as partes. Pode ser um tratado muito favorável para o lado “forte” e bastante prejudicial para o lado “fraco” que tem que assiná-lo ou ser destruído por ele. Ou pode ser um tipo de convênio mutuamente beneficente. Em todo caso, a reconciliação põe fim à luta e, por sua vez, baseia-se em alguma condição uma promessa solene, o reconhecimento de certos direitos, talvez o pagamento de uma importância em dinheiro ou a entrega de algum território.
Vejamos agora a reconciliação entre Deus e os seres humanos. Uma das grandes verdades ensinadas nas epístolas paulinas é a apresentação de Cristo como o grande reconciliador o mediador entre Deus e o homem (1 Tm 2.3-7). Deus Pai não podia concordar com a escolha humana de levar uma vida pecaminosa. Ele não podia fazer as pazes com um mundo que rejeitava a sua autoridade e o seu plano traçado para o futuro deles. Deus não podia reconciliar-se com um mundo amaldiçoado pelo pecado, mas amou esse mundo de tal maneira que elaborou uma estratégia de reconciliação.
O rebelde só pode ser reconciliado com Deus pela morte de Cristo no Calvário em lugar dele. Deus pagou a pena do pecado humano e estipulou os termos da paz, isto é, todos aqueles que rejeitarem o pecado e aceitarem a Jesus como seu Salvador serão libertos do pecado e se tornarão filhos de Deus! “E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus” (1 Pe 1.21).
Por meio da ressurreição, Deus mostrou seu agrado e sua aceitação do sacrifício (morte) de Cristo, como pagamento total dos nossos pecados. Agora nos aproximamos dEle como pecadores, mas somos reconciliados com Deus. “Nisso está a caridade: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 J0 4.10).
Paulo diz em Tito 2.11: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. Se assim for, por que nem todos os seres humanos são salvos? Porque a reconciliação é bilateral. Compete ao homem crer, isto é, não somente reconhecer que Deus existe e que Ele é amor, mas aceitar os termos de reconciliação estipulados por Deus. Deve entregar sua vida ao Salvador que morreu por ele, crendo no seu coração que
Cristo o salva plenamente do castigo e poder do pecado. Veja João 3.14-16 e Atos 16.31. Paulo pergunta ainda: “Como crerão naquele de quem nada ouviram? (Rm 10.14). E por isso que percebemos bem a responsabilidade dos reconciliados. Somos chamados para ser embaixadores de Cristo, levando a mensagem da reconciliação pelo mundo inteiro em cada geração. (Leia agora Romanos 10.8-15).
3. O lado pragmático da reconciliação
3.1. O preço de reconciliar o homem com Deus
Nos últimos versículos do capítulo 5, lemos que Deus nos tem dado o ministério da reconciliação e que, portanto, somos seus embaixadores. Ora, raramente os embaixadores de Cristo chegam a ser honrados como aqueles do mundo diplomático. Nos primeiros séculos da Era Cristã, milhares de líderes da igreja e outros crentes foram martirizados pela causa de Cristo. Parece que só um dos doze apóstolos (João) morreu de morte natural; os outros morreram como mártires. Pedro foi crucificado e Paulo degolado.
Vimos no capítulo 12 que o sofrimento muitas vezes produz bênçãos, não somente para quem sofre mas também para os outros. Será que Deus permite a perseguição para estimular o crescimento e amadurecimento da sua igreja? A história parece ensinar-nos que é assim. Costumamos até dizer: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”. Mas cada moeda tem duas faces:
Em nossos dias, algumas religiões e governos opressivos estão limitando severamente o crescimento das igrejas.
Seja como for, a lembrança da experiência dos crentes neotestamentários nos ajudará a entender o princípio fundamental de que a perda leva ao aumento, a morte à vida, e o sofrimento à bênção.
Os primeiros capítulos de Atos falam de opressão, prisões, apóstolos açoitados e o martírio de Estevão. Depois disso, Paulo foi ameaçado, açoitado, preso e apedrejado. Ele padeceu fome, sede, sofreu devido à falta de abrigo, às dificuldades, aos naufrágios e passou por muitos outros perigos no decorrer de suas viagens evangelísticas. Os outros apóstolos e muitos outros obreiros também enfrentaram perseguições.
III - CRESCIMENTO DE UMA IGREJA PERSEGUIDA NO LIVRO DE ATOS

Durante os primeiros 25 anos após a ressurreição de Jesus, cerca de cem mil pessoas em três continentes se converteram a Jesus. Parece ter havido alguma relação entre o índice de sofrimento e perseguição e o crescimento da Igreja.
Até em nossos dias, evidencia-se um fenômeno semelhante. Em certo país da América do Sul, por exemplo, recentemente, os crentes em Cristo foram ferozmente perseguidos e houve muitos mártires. Agora, a Igreja naquele país está crescendo rapidamente.
Releia 2 Coríntios 6.4-10; 11.23-29. Você verá que Paulo escreve sobre três tipos de sofrimentos angústia mental (dificuldades, desonra, perigos e preocupações pelas igrejas), dor física imposta por outros (açoites, prisões), privações e desconfortos aceitos voluntariamente (trabalho duro, fome, insônias e viagens difíceis).
Muitos obreiros de Deus hoje em dia se dispõem voluntariamente a aceitar uma vida de dificuldades para reconciliar os seus semelhantes com Deus.
Conheço pessoalmente crentes brasileiros que caminham muitos quilômetros a pé pela chuva e lama, para celebrarem cultos evangelísticos. Nesse país, onde trabalho há mais de 25 anos, muitos alunos de instituto bíblico se levantam antes das seis horas, trabalham o dia inteiro, assistem às aulas de três a cinco noites por semana e voltam para casa à meia-noite. Quase todas as igrejas pentecostais têm vigília de vez em quando, sendo comum um período de jejum e oração. As igrejas pentecostais do Brasil estão cheias, não somente de crentes, mas também de pecadores em busca da paz com Deus. Muitas pessoas se convertem nos cultos da semana e ao ar livre. A rede evangélica continua se enchendo, e se o índice atual de conversões se mantiver durante a década de 1990, mais de um milhão de pessoas por ano se converterão a Cristo no Brasil.
Jesus sofreu perseguições por ter praticado o bem. Como seguidores dEle, devemos estar dispostos a carregar a nossa cruz também sofrendo perseguições ou sacrificando voluntariamente nosso tempo, dinheiro e conforto físico para implorarmos aos nossos semelhantes: “Reconciliai-vos com Deus!” Paulo, apesar dos seus sofrimentos pelo Evangelho, foi vitorioso no poder de Deus e como seu colaborador (6.1,7). Ele plantou igrejas em dois continentes e atingiu multidões em nome de Cristo. Temos à disposição os mesmos recursos para a realização da nossa missão.


2. A conduta dos reconciliados
Em 1 Coríntios, já vimos como Paulo apela para os crentes viverem em santidade na base da sua relação com Deus.
Veja a freqüência com que ele especifica as relações entre Deus e o homem como base de conduta. Estude o quadro acima, buscando as referências bíblicas.
Após o apelo pessoal de Paulo aos seus “filhos” em Corinto, ele oferece um sermão bem compacto acerca da santificação em 2 Coríntios 6.14-7.1. Santificar significa “tornar santo, separar de outros usos, consagrar ao uso de Deus”.
Paulo já mandara aos coríntios que se afastassem de pessoas imorais, especialmente qualquer hipócrita que se chamasse irmão. enquanto vivesse na imoralidade ou na bebedeira (1 Co 5.9- 11). Esse trecho e 2 Coríntios 2.14-18 não significam que devemos agastar-nos de todo contato com descrentes. Jesus foi amigo de pecadores e os conduziu ao seu Pai. Ele não orou para que pudéssemos ser tirados do mundo, mas que fossemos guardados do mal (Jo 17.13-19). Satanás adora aproveitar as relações entre crentes e os descrentes para afastar os fiéis do seu Deus. Precisamos da proteção divina.
Algumas dessas relações, se previamente estabelecidas, não devem romper-se, como vimos no caso do crente casado com descrente. Muitos jovens crentes têm país e irmãos incrédulos, e muitos pais cristãos têm filhos descrentes. Devemos externar o nosso amor por nossos parentes e amigos descrentes, mas não podemos participar simultaneamente de suas atividades pecaminosas e da comunhão com nosso Deus. Por isso não devemos comprometer-nos intimamente com incrédulos.
Deus nos manda: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis” (2 Co 6.14). Um jugo, ou canga, obriga os animais emparelhados a andarem juntos com passo igual e colaborarem em tudo. Imagine a frustração e atrito de ficar emparelhado com alguém que queira seguir princípios ímpios, enquanto você tenta seguir a Cristo!
Pode ser questão de matrimônio, sociedade comercial ou intimidade social. A formação de laços estreitos com pessoas não cristãs, quase sempre prejudica o testemunho do crente e enfraquece a sua experiência cristã. A maior perda, porém, seria estranhar a presença de Deus e virar as costas a Ele. E por isso que Paulo, citando Isaías 52.11, urge: “Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor” (6.17). E um bom conselho para nós também!
Paulo encerra seu sermão de santidade (7.1) com uma exortação dupla. A primeira parte é negativa, referindo-se ao que não devemos fazer. A segunda, positiva, refere-se àquilo que devemos fazer levar uma vida santa por causa da vossa reverência para com Deus.
3. Reconciliação na Igreja
Comecemos com 2 Coríntios 7.7: “As vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim”. Parece que os coríntios magoaram o apóstolo Paulo de qualquer maneira, e agora desejavam sarar a ferida. Na carta referida em 2.4, Paulo lhes escrevera de forma bem dura, repreendendo a falta de disciplina do irmão pecador que tinha ofendido a igreja inteira. A prova de que aquela carta surtiu efeito é dada nas palavras: “Basta ao tal essa repreensão feita por muitos” (2.5,6).
Já comentamos as emoções contrastantes de Paulo em 7.2-16. E óbvio que os coríntios tinham aberto seu coração ao apóstolo. Paulo lhes corresponde com um transbordar de alegria no trecho sob exame. E em Corinto, a tristeza provocada pelo problema conduzira ao arrependimento, resultando na tomada das providências necessárias para a solução do problema e na restauração de comunhão entre os membros.
De uma certa maneira, a reconciliação entre Paulo e os coríntios exemplifica a grande reconciliação entre Deus e os seres humanos. Paulo, que sofrera o insulto, iniciou a tentativa de reconciliação: mandou por seu colega Tito, uma carta expressando seu amor por sua preocupação, pela lamentável situação existente e seu desejo de que respondessem com autêntica confiança e amor. Deus mandou seu Filho, o verbo feito carne, para nos mostrar a verdadeira condição das nossas vidas e o imenso amor do Pai para conosco. Ele não é nosso inimigo, mas apela em favor da reconciliação, possibilitada pela morte de Cristo, nosso Redentor. Agora, uma autêntica e profunda tristeza por nosso pecado, nossa inimizade para com Deus, leva-nos ao arrependimento. Aceitamos os termos de reconciliação determinados pelo Pai e encontramos uma verdadeira alegria na paz com Deus. Houve muito júbilo quando Paulo soube, pela comunicação de Tito, que os coríntios tinham se arrependido dos seus erros. Semelhantemente, há grande gozo no céu quando um pecador se arrepende e se entrega nas mãos de Deus (Lc 15.10).
Impressiona-me, nesse trecho bíblico, a importância da comunicação no episódio referido e em nosso ministério de reconciliação:
1. A visita difícil de Paulo - possivelmente comunicação defeituosa (2.1).
2. Uma carta que conduziu a tristeza e ao arrependimento - boa comunicação (7.8).
3. A visita de Tito, embaixador da boa vontade - ótima comunicação (7.7).
4. A busca inútil em Troas (Paulo não encontra Tito) - nenhuma comunicação (2.12,13).
5. Tito traz boas notícias de Corinto - ótima comunicação (7.6,7).
6. Paulo escreve uma carta amável, confirmando sua confiança e perdão com relação aos coríntios — ótima comunicação (2 Co).
Que exemplo para nós! Se Paulo não tivesse persistido na sua comunicação, talvez nem houvesse produzido a desejada reconciliação. Estamos dispostos a ser igualmente persistentes e longânimos no nosso próprio ministério de reconciliação entre familiares, amigos e membros da igreja? Recebemos a bênção que Jesus prometeu aos pacificadores? Que possamos realizar um ministério bem frutífero e abençoado.
BIBLIOGRAFIA:
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados - MS
Comentário Bíblico 1 e 2 Coríntios Thomas Reginald Hoover
Publicado no Blog do Ev. Isaías de Jesus